sexta-feira, 7 de maio de 2010

Lembranças Inglórias


Ouvindo Peter Gabriel- The Book Of Love



Iria escrever sobre Yin Yang, fiz até uma pesquisa na internet. Mas mudei de idéia. Não sei o por quê. Talvez por hoje ser sexta e o que eu relembrei se passava quase todas as sextas.

Era eu e um grupo de amigas, livres pela cidade. Sem dinheiro, sem vergonhar, sem amor, sem carinho, sem mestres, sem roupas, sem ar, sem lucidez, sem regras, sem lar... Nada mais existia a nossa volta... Era apenas nós e nós... E ponto. Na verdade, era nós e nossos sofrimentos, nossas tristezas... Que compartilhavamos, umas com as outras. O mundo? sim ele existia...Lá no fundo, já no inconsciente, tinhamos consciência de que ele existia...Que em algum lugar fora de nós, existia o mundo...Mas dentro...Dentro era só aquele momento. Aqueles sonhos...Aqueles desejos incontidos. Nada nos segurava...Nada. Nem a madrugada, nem o frio, nem os bêbados. Os bêbados eram o nosso reflexo, nos viamos ums nos outros...E não gostavamos do que viamos, pois, nesses momentos nimguém gosta de espelhos.

Em uma dessas noites/madrugada, uma amiga- espelho de bêbado- quis ir até à casa do seu amor. Então fomos. Fomos todas. Ficamos a distância olhando a casa... Uma casa comum, simples... Ela imaginando qual seria o quarto do seu amor... E nós tentando adivinhar. Havia um cômodo com a luz acessa, então decidimos que o quarto seria lá. E ficamos ali...Paradas...Cada uma no seu próprio mundo. Ela se transportou pro quarto e lá ficou durante muito tempo...Imóvel, bestificada, confusa, angustiada, impotente, limitada.. Indiginada por não poder tocar o sonho. Uma vez que todo o seu ser já estava lá, todos os seus sentidos, toda sua alma...Mas seu corpo não estava. Havia uma outra parede, bem maior e mais rígida que a parede de tijolos erguida entre a casa e nós. Havia a parede do preconceito, do desconhecido, do amor proibido. Do amor que vai contra todas as regras...(mas existe regras no amor? Acredito que não) E lá ficamos...compartilhando da mesma dor...da mesma angústia.

Estávamos no mesmo barco, e não podiamos deixar que nimguém parace de remar, que nimguém morrece, pois, ficariamos enfraquecidas. Unidas eramos fortes. Sozinhas eramos nada. Eramos escudo, flexas, coração, direção, uma das outras.

O tempo pra ela passava rápido, como o piscar dos olhos numa leitura empolgante. Para nós ele se arrastava...Era como velar um corpo... Na hora de ir embora: ela-relutância, nós-força...A hora de ter de sair do quarto doeu mas em nós do que nela... Desespero,dor.

Fomos embora, mas o quarto ficou...E na próxima sexta estariamos lá novamente. Só com a certeza do novamente para nos convencermos a ir embora. Só com a certeza do amanhã...do não adeus.

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